quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

Dança de Olhos Fechados

Olhos Fundos como se pensasse durante toda noite. E mesmo assim engole com um olhar aquela que se diz única e perfeita em seu abraço. Acorda! Sim, disperso de nascença, esquecido como doença. Troca nomes sem discriminação entre amada e escurraçada.
Queres te enganar, amigo. Ela que vive no teu pescoço, esta que insiste no teu bem, esta cabeça que para ti já não serve de nada, de tão embolada e rebolada de amores e dessabores. Segue teu estômago, quando sentí-lo gélido e embrulhado, pois nem teu coração te serve mais. O que queres? Acreditar nesta tua vingança que só faz grudar em quem não querias, como quando dependurava-se em decotes e pernas alheias? O que achas melhor, então? Voto pela carne, mais uma vez.
Anda e sem pronunciar nem um murmurinho reclamante, olhos fundos se faz de vingativo sanguinário, deleita-se e agrada sobre nuca de antiga amante. E conquista confiança, fácil diante de tão insalubre adversário.
E depois de atos que cortaram sua garganta, é encontrado em chão já rubro, obra de arte executa por si própio, vindo de suas próprias veias.
Após primeiro ato amoroso-selvagem (e vice-versa) sua vingança revelada vira a própria assassina, pega de olhos vermelhos e sobre joelhos ao lado de amado-estripado corpo.