segunda-feira, 26 de abril de 2010

Tornar-se-á memória

Quando se encontram
nada escondem.
Se beijam,
como se não houvesse ontem.

Esta maníaca só olha
e entre lágrimas escondidas
se molha!

Abre antiga ferida,
exige o ombro que perdeu.
E mesmo ofendida,
lembra que foi por erro seu.

Joga tudo no papel,
rasgando-o depois.
veste o véu,
como começando vida a dois.

Vestida, ela
encontra última companheira,
janela.

quinta-feira, 15 de abril de 2010

22 versos

O amor só acontece uma vez,
pelo menos a fantasia,
do que se diria
sua existência .

São olhares programados,

falas decoradas...
Corações enganados
mostram-se, não apenas cegos,
como surdos também!

A imaginação flui,
iludi sobre tudo!
E o descuido aparece,
grita quando deveria ser mudo.

Prefiro a carne,
sincera,
sem meias palavras!
Quando dói, dói.
E se excita, transcende.

Romance é Quimera,
desejo é pedra!
Farisaico é o amor,
já paixão é ardor.

sexta-feira, 9 de abril de 2010

Retenho

Hoje passei por ela.
Jogou-me um olhar.
E disse:
"Olá! Como está?"

Como estou?
Desesperado,
louco por ti.
Quero me afogar!
Afogar-me nesse mar azul,
azul de teu olho.
Teu!
Resumo-me a isto
Teu!

Vejo-te,
a garganta seca,
a mão esfria,
as pernas adormecem.
Fui no doutor:
"Meu filho, é amor!"
Sou assim, teu.
Casa-te comigo.

Guardo, então,
tudo em imaginação.
E me restrinjo a responder:
"Certinho!"

sábado, 3 de abril de 2010

Amigo,...

Todo dia passa,
mas sua mão é acompanhada.
Seu olhar traça,
entorpecendo-me,
linha de encontro ao meu.

Dia seguinte surge denovo,
e fita-me como se quisesse...
E mesmo em meio ao povo,
lança-me piscadela!

Boquiaberto.
Puxo assuntos inexistentes,
falo bobagens...

Indo com sede ao pote.
Já me perdi,
estou mergulhado em seu decote!

Sim,
nos encontramos nos cantos.
Entenda-me como quiser,
padeci aos seus encantos.

Está envolvida com outro alguem.
Eu sei,
não estou aquém.
E não adiantará dizer:
"Ponha-se no lugar dele."
Pois,
felizmente,
estou no meu.